O aço inox foi descoberto por puro acaso. No começo do século XX, em 1912, o inglês Harry Brearly estava pesquisando uma liga de Ferro e Cromo, com um percentual de 13% de cromo e, no momento em que tentava fazer observações sobre suas propriedades, verificou que a liga era resistente à maior parte dos reagentes que se utilizava na época em metalografia.
Brearly deu o nome à liga, chamando-a de “Stainless steel”, ou seja, o “aço que não mancha”.
Na Alemanha, um ano mais tarde, Eduard Maurer estudava outro tipo de liga, com ferro, cromo e cerca de 8% de níquel. Ao obter a liga final, observou que ela resistia aos vapores agressivos do laboratório em que trabalhava e, ao longo do tempo, percebeu que a resistência durou vários meses.
Os tipos de aço inox descobertos há mais de um século hoje possuem sua própria classificação. O primeiro faz parte do grupo martensítico, o aço inox AISI 420, e o segundo, ao grupo austenítico, AISI 302.
Na época ainda era meio difícil entender que, quando se aquece duas ligas a altas temperaturas, de pelo menos 1 mil graus centígrados, e resfriando-as rapidamente, obtinha-se duas ligas completamente diferentes, a primeira com alta dureza e a segunda com ótima ductilidade.
Desde essas descobertas por puro acaso, o aço inox evoluiu muito, principalmente com as pesquisas para atender as indústrias de petróleo, a aeronáutica, a criogenia e outros tipos de fabricação, lembrando ainda que a Segunda Guerra Mundial foi um dos fatos que trouxeram novos tipos de aço inox.
O que é exatamente o aço inox?
A expressão aplicada à liga, de aço inoxidável, nos fornece uma ideia de que seja um material que não sofre corrosão, mesmo quando submetido a abusos mais violentos.
O aço inox, no entanto, não é eterno. Ele apresenta maior resistência à corrosão, quando submetido a um determinado agente agressivo ou a um meio naturalmente mais exigente.
Além disso, o aço inox também oferece maior resistência à oxidação a altas temperaturas, quando comparado com outros tipos de aço e, neste caso em particular, recebe outra denominação: aço refratário.
A resistência do aço inox à oxidação e à corrosão é resultado principalmente da presente do cromo que, a partir de uma determinada percentagem na composição e em contato com o oxigênio, cria uma película finíssima de óxido de cromo sobre a superfície do aço.
Essa película é impermeável e insolúvel nos meios corrosivos a que o aço inox é submetido.
O aço inox, portanto, é um grupo de ligas ferrosas resistentes à oxidação e à corrosão, desde que contenha um mínimo de 12% de cromo na sua composição, quantidade exigida para a formação da película.
O papel do cromo no aço inox e a passividade
Basicamente, portanto, o aço inox é uma liga de ferro e cromo. Em determinados tipos de aço inox, outros metais agem como elementos de liga, embora o cromo seja o mais importante. Sua presença é indispensável para conferir maior resistência ao tipo de corrosão a que será submetida a liga.
Ao comparar o aço inox com outros metais ou ligas, é possível observar importantes diferenças. O comportamento típico de qualquer metal em presença de um determinado meio agressivo é apresentar corrosão. Um metal imerso numa solução ácida, com poder oxidante, inevitavelmente sofrerá corrosão e, se o poder oxidante é aumentado, a taxa de corrosão aumenta proporcionalmente.
O comportamento do aço inox é diferente. De início, o seu comportamento é semelhante a outros metais, mas, quando se atinge um determinado poder oxidante, a película formada pelo cromo reduz a taxa de corrosão.
Mesmo que se aumente o poder oxidante da solução, não haverá aumento da taxa de corrosão. Essa taxa pode ocorrer a partir de um ponto mais extremo, e isso vai depender da composição da liga do aço inoxidável..
O cromo apresenta um fenômeno denominado passividade, que se apresenta diante do meio agressivo e, conforme sua composição, a liga de aço inox oferece essa resistência exatamente em razão da quantidade de cromo.