O aço inoxidável tem participado de todos os avanços tecnológicos da humanidade desde o registro de sua primeira patente na Alemanha, há mais de 100 anos. Hoje, o aço inox está presente desde utensílios domésticos até naves espaciais.
Enquanto o aço comum reage com o oxigênio da atmosfera, criando uma camada superficial de óxido de ferro que permite a contínua oxidação do aço, gerando a corrosão (a conhecida ferrugem), o aço inox é um tipo de liga que, através da composição química, oferece maior resistência à corrosão.
A combinação do oxigênio com o cromo presente no aço inoxidável forma uma camada extremamente fina, estável, resistente e contínua, que protege o metal contra a corrosão provocada pelo meio ambiente.
Em razão da intensa afinidade entre o cromo e o oxigênio, a camada passiva se forma espontaneamente, em tempo mínimo, quase instantaneamente. Sendo muito estável, ela não se desprende e fica em toda a superfície do aço inox, tornando-se praticamente invisível e sem porosidade, bloqueando a ação do meio agressivo.
Mais de um século de aplicação do aço inoxidável
Embora o ferro seja conhecido e utilizado pela humanidade há mais de 5 mil anos, foi apenas no século 18 que o aço inoxidável foi descoberto.
O cientista sueco Axel Frederick Cronstedt descobriu o níquel em 1751 e, em 1778, outro sueco, Karl-Wilheim Scheele, descobriu o molibdênio. Na França, em 1797, Nicolas Louis Vauquelin conseguiu identificar um novo metal, o cromo.
Finalmente, em 1900, alguns cientistas fizeram experiências bem sucedidas com ligas de ferro e cromo, percebendo que ela apresenta uma excepcional resistência à corrosão.
Na Alemanha, em 1912, Eduard Maurer e Benno Strauss fizeram o registro da primeira patente para a produção de aço inoxidável cromo-níquel, uma liga conhecida como aço austenítico. Esse tipo de aço inoxidável, também denominado aços 18/8, é responsável por 60% da produção mundial.
Ao mesmo tempo, nessa época, na cidade de Sheffield, Inglaterra, Harry Brearley desenvolveu as ligas de aço inoxidável ferro-cromo, conhecidos como aços martensíticos, cuja primeira produção comercial aconteceu em 1913. A nova família de aço inoxidável passou a ser aplicada na produção de facas com lâminas permanentemente afiadas e livres de ferrugem.
Ainda na mesma época, nos Estados Unidos, Frederick Becket e Christian Dantsizen desenvolveram uma nova família de aço inoxidável, os aços ferríticos, que correspondem hoje a 30% da produção mundial de aço inox.
Assim, em menos de uma década, três famílias de aço inoxidável foram desenvolvidas, trazendo uma série de inovações para a indústria.
Na década de 1930, os cientistas suecos combinaram as famílias de aço inoxidável austeníticas e ferríticas para gerar uma nova família, os aços duplex, que passaram a ser utilizados em indústrias de papel e celulose.
Hoje, o aço duplex apresenta uma grande variedade de aplicações, sendo usados na indústria petroquímica e na dessalinização da água marinha, processos que exigem maior resistência à corrosão e à mecânica. Os aços duplex, atualmente, são aplicados inclusive na construção de pontes, com estruturas muito mais complexas.
Material padrão do aço inoxidável
O aço inoxidável possui um futuro muito amplo pela frente, já que é sustentável e durável por mais tempo, desde que se utilize o aço mais adequado para cada aplicação. Depois de utilizado, o aço inoxidável pode ser totalmente reciclado, sem perder a qualidade, tornando-se uma excelente solução para os desafios da sustentabilidade.
Desde sua invenção, o aço inoxidável tornou-se um material indispensável para todas as necessidades da indústria, devendo continuar por muito tempo ou até que novas tecnologias permitam a descoberta de novos materiais, que superem suas qualidades.
As famílias do aço inoxidável
Atualmente a indústria pode contar com três principais famílias de aço inoxidável:
Aços austeníticos
O aço inox austenítico é formado por ligas de ferro, cromo e níquel, mais resistentes à corrosão, sendo aplicados na fabricação de equipamentos para indústria química e petroquímica, equipamentos para indústrias de alimentos e farmacêuticas, na construção civil e em utensílios domésticos.
Aços martensíticos
O aço inoxidável martensítico é formado por uma liga de ferro e cromo, com teores de carbono mais altos do que os ferríticos, apresentando dureza mais elevada, embora menor resistência à corrosão, servindo para a produção de instrumentos cirúrgicos, facas de corte e discos de freio especiais, entre outras aplicações.
Aços ferríticos
O aço inox ferrítico é formado por liga de ferro e cromo, apresentando resistência à corrosão e sendo de produção mais barata, por não conter níquel. Sua utilização é feita para a produção de eletrodomésticos, equipamentos para frigoríficos, moedas, indústria de automóveis e sinalização visual, como placas e fachadas, entre outras.
Além das três principais famílias, o aço inoxidável também é apresentado como duplex, endurecido por precipitação, além dos superferríticos, superduplex e martensíticos soldáveis de baixo carbono.